O Brasil está em sétimo lugar no ranking de engajamento no trabalho da América Latina, segundo o último relatório “State of the global workplace”, recém-divulgado pelo Gallup. Conforme o documento, o nível de engajamento dos trabalhadores no país atingiu 31%, o que representa uma melhora de 3 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano anterior e 8 p.p. acima da média global (23%). Cada vez mais utilizado no Brasil, o conceito de engajamento reflete o envolvimento e o entusiasmo dos empregados em relação ao seu trabalho e local de trabalho.

“Quando suas necessidades são atendidas, os colaboradores têm a chance de contribuir, gerando um senso de pertencimento e oportunidades para aprenderem e crescerem profissionalmente”, observa André Lit, CEO da Healthy Place Brasil, filial da empresa global criada na Irlanda que aplica a Ciência do Bem-Estar para ajudar organizações a se tornarem saudáveis e lucrativas. Segundo o relatório do Gallup, o menor engajamento dos colaboradores impacta negativamente em 9% do PIB global, ou seja, US$ 8,9 bilhões. “Qualquer fator que impacte o bem-estar de um colaborador tem uma relação direta com sua produtividade e capacidade de produção”, afirma.

Para identificar de forma mais clara esses impactos, o relatório compara os indicadores das melhores e piores empresas analisadas (quartil superior e inferior), que envolvem 183 mil organizações em 53 indústrias de 90 países. Ao comparar os dois grupos, um bem-estar 68% maior e um senso de pertencimento 23% maior geram uma maior lucratividade de 23%, menor absenteísmo de 78%, menor quantidade de acidentes de 63%, 30% menos defeitos de qualidade, e maior produtividade de 17% em vendas e 13% na produção. “Essa enorme massa de dados mostra claramente que há uma relação direta entre ter colaboradores saudáveis e organizações saudáveis, o que é amplamente defendido pelo Healthy Place to Work”, avalia Lit.

Desafios

O relatório revela também a crescente solidão crônica das pessoas, que atinge 20% dos colaboradores no mundo, em especial os colaboradores até 35 anos (nascidos a partir de 1990, parte dos Millennials e toda a Geração Z), com 22%. “A conexão é um dos pilares da saúde das pessoas e o isolamento traz sentimentos negativos, estressores mentais e impacta significativamente a resiliência mental”, observa o CEO da Healthy Place Brasil.

Ainda de acordo com a pesquisa, o bem-estar global dos colaboradores declinou de 35% para 34%. “As organizações do mundo inteiro estão sentindo esse impacto nas gerações mais jovens, e é por essa razão que é crucial ter mais indicadores para esclarecer onde esse bem-estar está sendo afetado, para que sejam realizadas ações de real impacto nesse grupo de colaboradores”, sinaliza Lit.

Em relação às emoções negativas, o Brasil apresenta o quarto maior indicador de raiva na América Latina, decrescendo 2 p.p. do ano anterior (18%), um pouco abaixo da taxa global (21%). O país também aparece em quarto lugar na região com maior percepção de tristeza: 25%, queda de 4 p.p. em relação ao relatório de 2023. Esses indicadores se refletem no clima organizacional: o Brasil cresceu 11 p.p. e figura na quarta posição, com 55% – enquanto a média global foi 54%. O país também apresenta o menor percentual da América Latina em intenção de mudar de emprego (40%, contra 52% no mundo). Para Lit, os desafios no Brasil existem, mas estão comparativamente em melhores condições, confirmando a importância em compreender com detalhes o que fazer para que sua empresa seja uma organização saudável.

Lideranças

“Esta carga de problemas adicionais está sobrecarregando as lideranças das organizações. Há uma grande mudança social em curso, resultado de vários fatores globais que geram desesperança nos mais jovens, e a maioria das organizações não está preparada para este desafio”, aponta o CEO da Healthy Place Brasil. Conforme o levantamento, o nível gerencial é mais engajado que o não gerencial (30% x 18%), mas eles experimentam o mesmo nível de estresse (40%), têm maior sentimento de raiva (24% x 19%), maior sentimento de tristeza (24% x 21%) e estão mais preocupados (39% x 36%). O resultado desse sentimento se reflete no indicador que mede a procura por mudança de emprego: 56% x 50%.

Lit destaca também que há uma relação clara entre o engajamento dos colaboradores e o engajamento dos gerentes. Ao selecionar as melhores empresas da pesquisa com base em seus resultados de negócios, encontra-se um nível alto de engajamento dos colaboradores (70%), enquanto a média de todas as empresas é de 23%, “uma clara vantagem competitiva de ter gestores e colaboradores saudáveis”.

Segundo o CEO da Healthy Place, indicadores do Gallup mostram três oportunidades de evolução, especialmente por estarem com resultados muito baixos. O primeiro é os líderes envolverem sua equipe na definição de metas (avaliação de 27%); o segundo, o apoio na gestão do melhor desempenho dos liderados (22%); e o terceiro, a comunicação entre o líder e liderado sobre o desempenho organizacional (29%). “A liderança é a chave para o alto desempenho”, resume.

Fonte: SESCAPLDR.

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